Essa semana vai ter eventos culturais imperdíveis
no bairro de Guaianases e distrito
do Lajeado, na zona leste de São Paulo e o melhor de tudo é que todos são gratuitos se você mora próximo a essa região aqui vai dicas culturais pra essa semana.
Dia 16 de agosto nessa quarta feira será
realizado o evento “Arena do Flow” conhecida
intervenção cultural urbana de hip hop da zona leste terá batalha de mc´s, pocket shows com Beto Bongo e Chanogelocrew,
show com Primeiramente, discotecagem
Dj Erick Jay e mestre de cerimonia Prodígio. Local do evento Rua Hipólito
de Camargo, S/N, (em baixo do viaduto de Guaianases) a partir das 18
horas.
Dia 18 de agosto nessa sexta feira será
realizado o evento de musica autoral “Sexta
Independente” que esta em sua 7° edição sendo a primeira de 2017 as atrações
presentes serão as bandas Alameda dos Anjos e Matilha Sonora, e os rappers Dom da Rima, Franquelin e Mano Chel
apresentando musicas ao vivo dos mais variados gêneros mesclando mpb, rock, reggae,
soul e hip hop. Local do evento CEU Lajeado Rua Manoel Mota Coutinho, 293 a
partir das 19 horas.
Dia 19 de agosto nesse sábado será realizada
a 5° sessão de 2017 do coletivo Cine
Campinho que esta comemorando uma década de luta e o tema desse evento será
“Agosto Indigenista” terá exibição
de filmes, bate papo com Emerson Souza
autor do livro “A Criação Do Mundo E Outras Belas Historias Indígenas”, contação de
historia e brincadeiras indígenas com a educadora Graziela
Oliveira, e apresentação cultural de canto e dança indígena com o grupo Kariri
Xocó. Local do evento Rua Alessio Prates, S/N (no campinho) Jd Bandeirantes
– Cep 08451-550 próximo a escola Dias Gomes a partir das 17 horas.
(Mauricio Santos, Leo Policastro, Dani Policastro, Marcello Sorrany e Diego Oliveira)
A
banda Alameda dos anjos surge no ano
de 2014 em São Paulo com metade dos integrantes residentes da zona leste e
outra metade da zona norte que até hoje atravessam a cidade para fazerem um som
juntos, formada por Marcello Sorrany
(voz , violão e guitarra), Mauricio
Santos (Baixo), Dani Policastro
(voz, teclado, violão e guitarra), Leo
Policastro (Bateria) e Diego
Oliveira (voz, violão e guitarra).
Em
2015 lançaram o álbum “Por Mais Simples
Que Seja” que mescla pop rock com mpb trazendo nas letras conflitos da
juventude em meio ao caos da vidaurbana
falando de relacionamentos, reflexões existencialistas e LGBTfobia, desde então
seguem pela cidade em turnê com o projeto “Composição
Viva” divulgando esse trabalho.
Em
comemoração ao mês do rock a banda
Alameda dos Anjos concedeu uma entrevista exclusiva para o blog KaFéiCultura realizada por Mano Chel que pode ser lida a seguir.
Esculte o album "Por Mais Simples Que Seja" completo enquanto leem a entrevista
KaFéiCultura - Para
começar gostaria de saber a origem do nome da banda Alameda dos Anjos?
Mauricio: Foi
meio aleatório. Eu e o Marcello estávamos jogando um monte de nomes e
achamos esse legal. Nem lembro se pensamos em Power Ranges na hora (risos).
Dani: De qualquer forma todos nos
identificamos com ele depois e a série fez parte da infância de todos nós,
então pensamos, ah vamos manter esse mesmo.
KaFéiCultura - Como
vocês conheceram a musica e como começou o envolvimento de cada integrante com
ela?
Mauricio: Conheci
a música através de meu avô. Lembro-me dele tocando teclado, violão,
pandeiro... Apesar de não ter condições de comprar os instrumentos, ele se
esforçava para conseguir. Quando eu via aquilo no quarto dele, era outro mundo,
o mundo dele. Por volta dos 15 anos comecei a amadurecer a ideia de tocar um
instrumento, pois tinha vontade desde quando ele faleceu.
Dani: Eu me lembro de que desde
pequena já tinha vontade disso. Ainda não pensava profissionalmente, mas era
curiosa e queria tocar. Aos 14 comecei a tocar teclado, aos 15, violão. Tentei
montar minha primeira banda ainda na escola, depois com os amigos da rua. A
primeira que deu certo eu entrei como vocalista no lugar do Leo que havia
deixado o posto. Logo que um dos guitarristas saiu, assumi uma guitarra também.
Ao assumir em 2014 que ela havia acabado, pensei em seguir solo, mas conheci o
Marcello (risos).
KaFéiCultura - Como
se conheceram e como surgiu a ideia de montar a banda?
Mauricio: Eu e
o Marcello nos conhecemos no trampo. Eu já tinha tocado em umas bandas, mas
estava desanimado. Começamos a trocar ideias sobre música, sobre tocar juntos,
então ele me apresentou algumas composições dele e me empolguei de novo.
Pensamos em montar uma banda, começamos a ensaiar na minha casa. Um dia a nossa
caixa queimou e fomos dar um rolê ambos desanimados. Vimos um cartaz falando do
Vocacional Música no CEU Jambeiro falando da possibilidade de formar uma banda.
Começamos a frequentar, mas logo eu tive que sair para trabalhar, mas o
Marcello continuou.
Dani: Eu conheci o Marcello num
show, pouco tempo depois que entrei no Vocacional do Centro Cultural da
Juventude, na Cachoeirinha. Após o show trocando ideia ele falou que tocava e
que fazia vocacional, falei que fazia também e trocamos contato. Fomos trocando
figurinhas pela internet e fui vê-lo numa apresentação na Praça Benedito
Calixto, onde conheci o Diego também, que tinha outro projeto na época. Logo
quisemos tocar juntos e fomos amadurecendo a ideia de juntar as coisas.
Marcello: Eu falei que conhecia um
Baixista, ela disse que conhecia um batera. Então pensamos perfeito, é só se
encontrar (risos).
Diego: Eu e o Marcello nos
conhecemos uma semana antes dessa apresentação da Benedito, numa outra mostra
do vocacional que aconteceu no Centro Cultural Penha. Eu tinha minha dupla, que
se chamava “Diz” que terminou no final de 2014, e com ela nos apresentamos em
algumas dessas mostras, onde também conheci além das músicas do Marcello, as
músicas da Dani.
Leo: Bem, além de a Dani
ser minha irmã, já tocávamos antes na “TaudiOrion”. Quando ela me convidou e
falou que tinha conhecido um cara e que ele conhecia um baixista, pensei, pô
legal, vamos lá. Após sair da “Choko” e com o fim da TaudiOrion tentei tocar em
outras bandas mas não rolava. Na Alameda foi diferente a galera já pensa mais
igual, apesar dos gostos diferentes para música, conseguimos nos entender e
cada um dá a sua cara para as músicas. Isso me mantém animado.
Marcello: No final do ano fomos
convidados pelo Selmer, nosso amigo que também conhecemos no vocacional e que
estava trabalhando na Biblioteca, para um sarau que eles estavam organizando.
Convidou a “Alameda” que já havia começado a tocar junta em outubro e o Diego.
Como a “Diz” havia se desfeito, pensamos em tocar junto com o Diego. A banda
toda estava com uma coisa em mente que eu já havia conversado com a Dani
sobre...
Diego: Pois é, após a apresentação
eles me vieram com a surpresa, perguntando se eu queria entrar para a banda. E
aqui estamos até hoje.
KaFéiCultura - Qual a
importância do Programa Vocacional que é responsável por estimular a criação em
vários seguimentos artísticos para a cidade de São Paulo?
Mauricio: Acho
que a maior importância do Vocacional é exatamente isso, estimular a criação e
dar a oportunidade às pessoas das periferias de desenvolver e mostrar a sua arte.
Dani: Eu conheci o vocacional em
2008 através de uma amiga. Eu tinha vontade de fazer teatro e não tinha
condições ou tempo para fazer, pois trabalhava e estudava. Ela me falou do
programa e em 2009 eu resolvi fazer, lá mesmo no CCJ. Em 4 anos de teatro além
de desenvolver a minha arte me desenvolvi muito como pessoa. Mudei muito a
minha visão de mundo e da minha vida pessoal.
Marcello: Bem, no nosso caso, se não
fosse o programa a banda não existiria. Como disse o Mauricio, é muito
importante à forma como o programa dá voz aos artistas que não têm voz, como
nos orienta e nos mostra um rumo.
Diego: Eu quando entrei no
vocacional não sabia tocar nada. Não cantava. Todo o meu desenvolvimento e
interesse na música se deu através do vocacional. Foi a minha escola, não
apenas na teoria e pratica musical, mas como artista em si. Não existe outro
programa que estimule tanto o artista em sua criação quanto o vocacional.
Alameda dos Anjos na Biblioteca Cassiano Ricardo (Tatuapé) no Programa Vocacional Musica
KaFéiCultura - Quais
foram e quais são hoje as influencias musicais da banda?
Diego: Cada um na banda
tem influências bem distintas e acho que é isso o que caracteriza o nosso som.
Mas é claro que temos algumas em comum também (risos).
Entre as minhas estão:
Canto dos Malditos na Terra do Nunca, Engenheiros do Hawaii, Los Hermanos,
Marisa Monte, Pato fu, Legião Urbana, Skank, The Smiths, Isabela Taviani,
Biquíni Cavadão, Liniker... são tantas.
Marcello: As
minhas principais são Charlie Brown Jr, Titãs, Catedral... Teve também a
Harmada, que acabou se tornando também uma influência em comum de quase todos.
Mauricio: Minhas influências, além
de algumas bandas já citadas por eles, são o Red Hot Chilli Peppers, Metallica,
Selvagens a Procura de Lei, Aborto Elétrico, Capital Inicial... Além de várias
bandas pós-punk.
Leo: Acho que minhas principais influências
são Seether, Nickelback, Foo Fighters,
Dani: Muitas das minhas
eles já citaram. Além delas, tem A Unidade Imaginária, Squadra, Carolina Lima,
Mariana Davies, Ana Carolina, Ludov e Lenine.
KaFéiCultura - Comente
como são construídas as composições de vocês?
Dani: A maioria de nossas
composições é baseada em nossas vivências, sobre como nos sentimos naquele
momento. É difícil, ao menos para mim, escrever algo que eu não esteja
sentindo. O Marcello tem um pouco mais de facilidade com isso.
Diego: Mas já fizemos também algumas
inspiradas por histórias que nos contaram. Um dos sons que tem rolado em nossas
últimas apresentações, “Pequena”, eu fiz a partir de textos que o Mauricio me
escreveu. Transformei em poesia e musiquei. Há também uma que fiz com a Dani na
qual ainda estamos trabalhando que foi feita a pedido de uma garota que queria
dá-la de presente para a menina que ela gostava.
Marcello: Algumas músicas também
surgem a partir de provocações propostas para nós, ou de estudos, quando criamos
algo legal num instrumento e já vem uma letra na cabeça que fica legal em cima
daquilo.
Leo: Como eu e o
Mauricio não escrevemos ainda, geralmente pegamos as músicas na fase de montar
os arranjos.
Mauricio: Sim.
Depois da música escrita, eles trazem pra gente nos ensaios, começamos a
improvisar em cima e com o tempo ela vai tomando forma, conforme surgem novas
ideias. E isso continua acontecendo. Tem músicas que gravamos no disco que hoje
tem outros arranjos que surgiram só depois. Acho que é algo natural.
Conforme o Prometido (Ao Vivo)
KaFéiCultura - Estamos
no mês do rock por que entre tantos gêneros musicais a banda escolheu esse?
Dani: Na verdade não foi
uma escolha. Quando nos juntamos a nossa ideia era apenas fazer música,
independentemente do gênero.
Mauricio: A
forma final delas acaba surgindo da mistura mesmo de nossas influências. Não
criamos pensando que a música tem que ser um rock ou outro estilo, mas toma
essa forma.
Diego: Definimos que somos uma banda
de Pop-rock para facilitar na identificação na verdade. Para o som que fazemos,
acreditamos que esse seja o rótulo mais abrangente e que nos dá também
liberdade, inclusive, de fazer algo fora dele, sem estranhamento.
Marcello: Ou
seja, não escolhemos o rock, ele nos escolheu (risos).
KaFéiCultura - Nas
musicas de vocês sentimos uma mistura natural com a MPB, qual é a importância do
rock nacional para musica brasileira na opinião da banda?
Marcello: Pra mim,
foi o engajamento nos anos 70-80, auge da ditadura... E nesse ponto, entre MPB
e Rock Nacional, como o Lobão já dizia o Rock Nacional, sempre tende pra MPB,
vide Cazuza, Renato Russo e até mesmo Raul Seixas...
Dani: E mesmo que sua
temática tenha tomado outros rumos do final dos 80 em diante, o que surgiu
naquela época naturalmente é uma grande influência para várias bandas até hoje.
Diego: E inclusive músicos
de outros gêneros também. A música brasileira no geral foi influenciada pelo
rock. Não só nos arranjos utilizados, mas também com a regravação de várias
canções da época por artistas diversos.
KaFéiCultura - O que
acham do atual cenário do musica brasileira?
Marcello: Tem
coisa muito boa rolando, Harmada, por exemplo, Selvagens a Procura de Lei,
Vespas Mandarinas entre outros... O difícil é que muitas vezes precisamos
garimpar e muito.
Dani: Eu na verdade não tenho acompanhado
o que rola na mídia, mas percebo que para o rock não é o momento. Estamos
passando por uma fase onde o que faz sucesso é música de balada. Não que seja
boa ou ruim, curto música pop também, mas acho tudo muito igual. Faz um bom
tempo que o que conheço de música nova é o que me indicam ou o que descubro na
internet.
Diego: Tenho pesquisado o
cenário independente de várias regiões e venho descobrindo muita música boa, deixo
a dica para os leitores, pesquisem por sons novos há muita coisa boa fora das
rádios.
KaFéiCultura - Sei
que vocês são adeptos das redes sociais, gostaria de saber o que acham da
internet como ferramenta para os músicos, o que melhorou e o que piorou após o
brasileiro ter acesso a ela?
Marcello: Sobre essa... Era pra ser uma boa
ferramenta, mas como nem tudo na vida é doce... A era das rádios e TV, pode ter
passado e com isso eles ganharam menos jabá com o avanço das redes... Mas o
capital sempre precisa girar, na internet, não é diferente... Quanto mais
dígitos ($), mais visualizações no seu trabalho... Eu particularmente acho
muito triste isso...
Dani: Temos a vantagem de ter uma
ferramenta para o trabalho chegar ao público, porém é muito difícil despertar o
interesse do público. É tudo aos poucos. Divulgamos para milhares de pessoas
para ter uma dezena de interações e de vez em quando alguém que fortalece de
verdade acompanhando o trabalho.
Mauricio: Acho que isso acontece por
que tem muita gente tentando se divulgar também e o público fica um pouco
saturado. Temos que ser muito mais criativos na hora de mostrar o trabalho e
achar uma forma de fazer isso que seja um diferencial é o nosso desafio.
Eu Ainda Quero Falar de Amor (Ao Vivo)
KaFéiCultura - O
primeiro álbum de vocês lançado em 2015 se chama “Por Mais Simples Que Seja”
expliquem por que escolheram esse nome?
Dani: Não me lembro de
termos pensado em algum outro nome além desse. E isso resume toda a ideia do
disco também. É o nosso primeiro disco, uma banda recém-formada sem grandes condições
de gravar um disco. Tivemos a oportunidade de gravá-lo, mas tínhamos 2 meses
para isso.
Marcello: Tínhamos
todas aquelas músicas que foram o repertório de nossa primeira apresentação
juntos com a banda completa. A grande maioria das músicas foi gravada
exatamente com os primeiros arranjos que criamos para elas, aqueles que vieram
naturalmente nos ensaios sem lapidarmos tanto para isso. Esse trecho da música
“Eu ainda quero falar de amor” tem muito a ver não só com o disco, mas com o
nosso processo em si.
Diego: Gostamos mesmo da
simplicidade em nossas composições. Embora tenhamos que sempre nos desenvolver
como músicos, a criação deve ser honesta, não forçamos para criar algo que não
tenha a nossa cara.
Mauricio: Esse nome provavelmente
nos acompanhará por toda a nossa história.
KaFéiCultura - Conte
como foi o processo de produção do álbum “Por Mais Simples Que Seja”?
Marcello: Foi
uma missão quase impossível. Tínhamos menos de oito meses para fazer os
arranjos, preparar o as vozes, os instrumentos, para o que seria a nossa
primeira experiência dentro de um estúdio de gravação, não foi fácil.
Paralelamente estávamos com algumas apresentações. Olha, foi bem corrido!
Mauricio: Chamamos o músico Fernando
Diniz para dirigir o trabalho quando estávamos prestes a entrar em estúdio.
Ajudou a finalizar alguns arranjos e sugeriu algumas das poucas mudanças que
fizemos nos arranjos originais, principalmente “Monstro no Armário” que, essa
sim, tinha uma cara bem diferente da versão final.
Diego: Tivemos a ajuda do Paulo de
Tarso, que também ajudou com alguns arranjos e da Eva Figueiredo com preparação
das vozes, na afinação e na interpretação. Além disso, ela aceitou nosso
convite para gravar o clarinete em “Monstro no Armário”. Mais uma das parcerias
incríveis que fizemos pelo caminho.
Dani: A gravação em si, levou 2
meses. Tivemos a sorte de encontrar o K9 estúdio o único estúdio que confiamos
dentro do nosso orçamento. O Tiago técnico de gravação e dono do estúdio fez
milagre para esse disco ficar pronto no prazo que precisávamos. Foram meses que
eu passava mais tempo no estúdio do que em casa (risos).
Leo: E foi bem corrido
para nós também. Gravei a bateria das 12 músicas em 2 dias, o que foi bem
estressante. O baixo foi quase todo gravado em um dia. Algumas músicas que
deram um pouco mais de trabalho na edição eram gravadas aos poucos enquanto
finalizávamos as primeiras. Mas todo esse cansaço valeu a pena.
Eu Não Sei Dizer (Ao Vivo)
KaFéiCultura - Sei
que musica é como um filho é impossível escolher uma preferida, o que vou pedir
será difícil, como a banda tem 3 compositores indiquem 3 musicas do álbum “Por
Mais Simples Que Seja” pra quem não conhece esse trabalho passar a conhecer?
Marcello: ha,
essa vamos pela resposta do público às nossas divulgações: Eu ainda quero falar
de amor, Conforme o prometido e Eu não
sei dizer, são as que geralmente a galera mais gosta.
Mauricio: Mas
se fosse por preferência nossa seria bem mais difícil, cada um tem as suas
favoritas (risos).
KaFéiCultura - Qual é
a mensagem que a banda pretende passar artisticamente com o registro do álbum
“Por Mais Simples Que Seja”?
Diego: As músicas desse
disco são voltadas para jovens e seus conflitos como, por exemplo: LGBTfobia, conflitos
religiosos e amorosos, reflexões existencialistas e como crescer em meio ao
caos da cidade grande. Acreditamos que há muita carência dos mesmos em ouvir músicas
que tratam desses assuntos no mercado musical. E queremos levar a eles esses e
tantos outros assuntos além da cultura e entretenimento que tanto necessitam.
KaFéiCultura - As
letras da banda falam sobre conflitos da juventude em meio ao caos da vida
urbana, como vocês vêm esse momento político que vive o Brasil hoje?
Diego: Apesar de muitas
vezes me sentir desacreditado diante do que vivemos atualmente, a ideia de que
o Brasil é um muito jovem e com uma república jovem às vezes me conforta.
Prefiro acreditar que alguns problemas sejam por essa "inexperiência"
e que pode-se aprender a governar para todos, apesar de saber que falta muita
consciência e empatia dos nossos governantes em todas as áreas.
KaFéiCultura - A
banda Alameda dos Anjos é assumidamente militante contra a LGBTfobia, os homossexuais
absurdamente sofrem com o genocídio e preconceitos diários tratados com invisibilidades
dentro da estrutura de nossa sociedade, que dica vocês podem dar aos nossos
leitores para quebrarem esse tipo de preconceito e para essas denuncias e
crimes ganharem o foco merecido?
Marcello: A partir do momento em que o ser humano,
começar a olhar para o próximo como um ser humano, toda e qualquer forma de
violência será extinta, da minha parte, esse é o apelo, olhar para o próximo
como igual, é clichê, mas não consigo pensar diferente...
Diego: Concordo com o
Marcello.
Dani: Sim, é isso. A
coisa de se colocar no lugar do outro. A mensagem que deixamos não é nem para
quem sofre os preconceitos, mas para quem os pratica. Acho que o ponto
principal é reconhecer o próprio preconceito e não achar que todos devem levar
certas “brincadeiras” também, na esportiva. O que parece uma piada para um tem
um peso enorme sobre o outro. Isso ocorre também entre LGBTs.
Desgrenhado (Ao Vivo)
KaFéiCultura - Qual a
maior dificuldade, e qual maior vantagem (se é que tem alguma) em ser uma banda
independente fazendo música autoral?
Marcello: bem,
as dificuldades são mais fáceis de listar, rs. Conquistar o nosso próprio
público, encontrar casas de show, produtoras e bares que não vão exigir, conta
de ingressos vendidos para tocar...
Leandro: No nosso caso, como
conseguimos nosso próprio equipamento graças ao Programa VAI, temos ainda a
dificuldade de ter que carregar todo ele de forma inadequada e dependendo
sempre de carona (embora façam isso de bom grado sempre) dos outros, pois não
temos carro nem dirigimos.
Diego: Sem contar que por
não termos público e transporte, em períodos sem o Programa VAI, ficamos
parados pois ou não temos dinheiro para a condução para poder ensaiar, ou não
temos tempo de nos encontrar, pois todo mundo precisa trabalhar e os horários
não batem. Estamos nos planeando esse ano para conseguirmos nos manter
caminhando assim que o não tiver mais a ajuda do programa.
Mauricio: Bem,
por outro lado, de vantagem acho que é que aos poucos vamos crescendo com o
nosso próprio trabalho. Mesmo que aos poucos, temos alguns seguidores fiéis
que, mesmo não indo nos shows sempre, acompanham e dão força ao nosso trabalho.
Dani: Além das parcerias
que fazemos pelo caminho. Conhecemos vários artistas e fazemos nossas trocas.
Um ajuda o outro. A Mirrah Iañez, uma amiga nossa que é uma grande artista
audiovisual, fez o nosso primeiro clipe na camaradagem e ainda filmou, Junto
com o Mario Cassettari, o nosso show no Flávio Império pelo que tínhamos no
bolso para pagar. Temos uma dívida eterna com eles por isso.
Monstro no Armário (Ao Vivo)
KaFéiCultura - Tenho
acompanhado um serie de vídeos que estão sendo divulgados em seu canal do
Youtube de um show que fizeram no Teatro Flavio Império em 2016, percebemos que
a banda se preocupa com a questão do áudio visual, vocês pretendem lançar também
lançar videoclipe, documentário ou coisas assim futuramente?
Diego: Sim, temos uma
preocupação enorme com isso. Começamos o nosso canal com vídeos mais simples,
de apresentações feitas de qualquer jeito e sabíamos que precisávamos melhorar
essa parte de nosso trabalho também.
Dani: Estamos Com um
clipe gravado, está em fase final de edição. Pretendemos fazer um show de
lançamento para ele. Temos idéias para outros clipes de nosso disco ainda que
logo começaremos a preparar também.
Mauricio: Temos
também uma idéia de fazer um documentário. Temos nossos vídeos antigos, os
desse show, alguns de bastidores das gravações e até alguns de ensaios. Vamos
planejar melhor e fazer isso daqui um tempo.
KaFéiCultura - A
banda mantem o projeto “Composição Viva” contemplado pelo programa Vai da
prefeitura de São Paulo durante 3 anos consecutivos 2015, 2016 e 2017, fale
mais desse projeto pra gente qual é o objetivo e como foi e esta sendo o
processo para manter ele durante esses anos?
Dani: A ideia inicial do
projeto foi realmente a gravação do disco. Foi o que nos levou a escrever.
Queríamos gravar e víamos essa oportunidade. Conseguimos também boa parte de
nosso equipamento no primeiro projeto. Além disso, fizemos 4 apresentações pelo
projeto em casas de cultura e no CEU Jambeiro.
Leo: Já o segundo o foco era as
apresentações. Fizemos várias apresentações pelas praças e ruas da cidade,
ainda divulgando o disco. Inclusive a apresentação final, com a participação do
Mano Chel, foi uma prévia do que planejamos para o terceiro.
Marcello:
Exato. O nosso projeto esse ano envolve não apenas o nosso trabalho, mas o de
outros artistas. Pretendemos realizar apresentações dessa galera que conhecemos
nesses anos de vocacional e estrada e produzir materiais de vídeo, que serão
postados em um novo canal no Youtube, de um projeto que temos desde 2014, para
divulgar o trabalho de novos compositores com qualidade.
Mauricio: Se não fosse esse projeto
nem sei como estaríamos hoje. Acredito que continuaríamos, mas teria sido muito
mais difícil conseguir qualquer coisa. Com o projeto já passamos por muitas
dificuldades, pois não tínhamos ajuda de custo nos 2 primeiros anos e
precisamos sobreviver. Arrumamos empregos e cada um trabalha num horário, os
encontros ficam difíceis e ficamos dependendo de nossos trabalhos para fazer
tudo.
Diego: E esse é um dos
motivos pelo qual esse ano nos queremos preparar para não depender do projeto
no futuro. Estamos com vários planos de ação para crescermos profissionalmente
com o nosso trabalho e já vamos começar a colocá-lo em ação junto com o
projeto. Assim que acabar, não pretendemos ficar parados esperando como ocorreu
nesses 2 anos.
KaFéiCultura - O
programa Vai esse ano atrasou um mês para divulgar o resultado e seus
contemplados e quando foi divulgado teve um corte na verba de 33% nada foi
cortado em relação aos coletivos artísticos contemplados e sim no geral
previsto pelo edital causando uma grande redução de projetos, oque a banda
achou dessa medida?
Mauricio: Esses
atos de redução com gastos na cultura vêm ocorrendo desde os anos anteriores
também. O governo do estado cortou o investimento de várias oficinas que
ocorriam pela cidade, e esse desmonte recente da cultura já estava sendo
planejado. Desde o ano passado já estávamos avisados de que isso aconteceria.
Dani: Tínhamos a
confiança de ter um bom projeto, mas a consciência de que seria difícil. Acho
que esse ano só passamos porque o nosso projeto beneficia outros artistas
também. Caso contrário estaríamos de fora.
Diego: Foi uma decisão justa com os
grupos aprovados, porém, injusta com todos aqueles que confiaram que o programa
pudesse aprovar mais projetos e tinham o seu projeto mais simples como foi o
nosso primeiro, em ter um incentivo para seguir em frente.
Esperamos que daqui em diante, possamos fazer por eles, pelos músicos ao menos,
alguma coisa para ajuda-los com o nosso projeto e após o final dele.
KaFéiCultura - A
respeito do congelamento de 43,5% da verba que seria destinada a cultura pela
prefeitura de São Paulo sendo que sem o congelamento seria destinado apenas 1%
do orçamento geral da cidade que já seria bem baixo e ainda congelaram a metade
disso, qual é a importância do investimento em cultura para nossa sociedade na
opinião de vocês?
Marcello:
Recentemente, alguns atos do nosso recém prefeito têm gerado bastante
repercussão, vou citar dois deles e parafrasear o Sabotage, o primeiro, foi
quando ele começou a pintar os muros de cinza, São Paulo já tem sua cara cinza
por natureza e a pouca cor que tinha na cidade, foi tomada por cinza chumbo,
que foi o seu segundo ato, ao fazer o que fez com a Cracolândia, que já é um
reflexo social da falta do que o Sabotage falava em sua música "Favela
pede paz, lazer, cultura,
Inteligência, não
muvuca!"
Diego: Parece clichê falar
essas coisas, mas a arte muda o caminho das pessoas. A arte ajuda a pessoa a se
desenvolver, a questionar as coisas ao mesmo tempo em que é entretenimento e
trabalho. Os programas e equipamentos culturais e de educação que mais perdem
com esses cortes são exatamente aqueles que tentam beneficiar os jovens das
periferias. O Programa Vocacional, o Piá, o Vai e todos os Céus e centros
culturais que estão abandonados em questão de cultura.
Alameda dos Anjos no terminal da Lapa
KaFéiCultura - Eu
acompanho o trabalho da banda algum tempo e sei que no começo a maioria dos
shows era em espaços culturais fechados e com o passar do tempo começaram a
fazer também frequentemente apresentações na rua a céu aberto, qual a diferença
de tocar em eventos fechados para um publico seletivo e tocar na rua em meio a
transição do povo oque preferem e por que?
Diego: Gosto dos dois
ambientes. Para mim a diferença está nos tipos de adrenalina (risos), apesar de
sempre dar um frio na barriga em qualquer apresentação, nos shows de rua não
sabemos o que esperar e vemos as mais diversas reações, mas a maioria delas tem
sido positiva.
Marcello: Acho
interessante tocar na rua, pelo fato de pegar as pessoas de surpresa, é
interessante ver a reação que uma única frase faz com os transeuntes, que até
então, se encontravam introspectivos.
Dani: Também tenho minha
paixão pelas duas coisas. Gosto do som se propagando nos espaços fechados a
forma como ele reverbera no ambiente. Em espaço aberto acho que o som se perde
um pouco. Também gosto de ver em espaços fechados que tem um público que está
ali realmente por que quer ver a gente, que se mobilizou para isso.
Na rua o clima é outro, mas também é legal. É mais no improviso, pois como já
disseram, não sabemos o que esperar e nem o público também. Ver a pessoa que
acabou de conhecer o seu trabalho parando para prestigiar não tem preço.
KaFéiCultura - A
banda esta trabalhando o álbum “Por Mais Simples Que Seja” desde 2015 vocês
pretendem lançar um novo disco? Se sim tem previsão para lançamento?
Marcello: Sem
dúvidas, sempre temos um bocado de ideia, acho que estamos sem uma previsão
certa, mas conversamos bastante a respeito.
Diego: Já estamos
acrescentando algumas músicas novas nos shows, não temos data para um próximo
disco, mas ele virá.
Dani: temos planos de
começar o próximo aos poucos. Gravamos o primeiro muito rápido, o segundo
queremos fazer mais tranquilos.
KaFéiCultura - Quais
são os projetos futuros para 2017?
Marcello: O
projeto é trabalhar com novos artistas independentes e alguns projetos futuros,
tem coisa nova saindo logo menos.
Diego: Sim, produziremos
materiais audiovisuais de artistas independentes, além de algumas apresentações
dos mesmos, através do projeto Composição Viva, também trabalharemos em músicas
novas e em nossa própria agenda.
KaFéiCultura - Deixe
seu contato e suas redes sociais para quem quiser acompanhar o trabalho da
banda.
Marcello: Alameda
dos Anjos, sempre está próximo aos Power Rangers, mas basicamente, pode nos encontrar em
quase todas as plataformas estamos no Facebook, Twitter, Youtube, Spotify, além de várias outras
plataformas de distribuição de música na rede, como Itunes, Deezer, CDBaby,
Amazon, Google Play Music...
Dani: E também podem entrar em
contato conosco pelo telefone (11) 94870-1835 e pelo e-mail:
bandaalamedadosanjos@gmail.com.
KaFéiCultura - Nessa ultima
deixaremos o espaço livre para falarem oque quiserem ou responderem alguma
pergunta que não foi feita.
Mauricio: Acho
que além de tudo que já foi dito, o que podemos dizer é para os artistas
independentes buscarem sempre criar um movimento juntos, mesmo estamos correndo
atrás disso. Temos que ajudar uns aos outros, pois não temos quem trabalhe por
nós e sabemos como é duro trabalhar tanto sem apoio. Temos mesmo é que criar as
nossas próprias oportunidades.
Diego: aproveitamos também para
agradecer pelo convite para essa entrevista e parabenizar pelo trabalho de
vocês pela arte independente.